quarta-feira, dezembro 07, 2005

FEDERAL 2.


Como a prova demorava 3hs e 30min., mas eles podiam sair na metade da prova, e por causa dos jogos e dos encontros de torcidas estávamos todos um pouco neuróticos, resolvi que ia esperar.
Então peguei um livro enfiei na bolsa.
Depois que a Ana entrou no prédio fiquei ali parada esperando ela sumir da minha vista, alguns pais e muitas mães também planejaram ficar esperando.
Acabei conversando com 2 mães, uma delas muito simples, que estava botando toda a esperança dela na filha passar no teste, afinal ou era isso ou continuar nas escolas públicas de ensino médio, sem estrutura, sem professores preparados.
O sonho dela era a filha passar, e depois fazer uma faculdade, já que ela não teve oportunidade de estudar, ela me disse que a filha é super dedicada, estudiosa, mas que no teste da escola técnica estadual não tinha ido bem, porque tinha ficado nervosa "por demais".
E eu ali, ouvindo os sonhos dela, e pensando que a Ana nem sabe se quer fazer faculdade, e eu nem sei se mesmo ela passando nesse vestibulinho iria para essa escola.
Muitas coisas pesam, a Escola estar em greve 3 meses, os alunos que estão terminando o curso, e que em toda a rede pública de ensino médio poderiam ser os únicos a passar numa Universidade Pública, estão desesperados estudando sozinhos em casa, e sem saber se vão ou não receber ou quando o certificado de conclusão do curso.
Pensar que é uma escola tida como boa.
Vendo aquela mãe, com toda a esperança que ela tem, não podia falar para ela que a sua filha está concorrendo com estudantes de escolas particulares e que na maioria fizeram 1 ano de cursinho para esse momento.
Não podia falar para ela, que fazer uma faculdade hoje não é garantia de emprego.
Não podia falar para ela, que os professores já não são tão dedicados como antes.
Saí de lá, desejando realmente que a filha dela passe, e que os sonhos delas se realizem.
E o livro que eu enfiei na bolsa, voltou sem ser aberto.

beijos. boa quarta com muitos sonhos.

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